O Tao do Street Fighting

Faça seu trabalho, então volte atrás.
O único caminho para a serenidade.

– Lao Tsé, “Tao Te Ching”

A vida é um conflito, e lutar é por vezes a solução natural do
conflito. Toda cultura tem histórias de guerreiros que transformaram
meros combates em um modo de vida: os Espartanos
da Grécia, os Monges Shaolin da China, os Samurais do Japão,
e as Amazonas da Scythia. Todos abraçaram os combates como
uma forma de se viver.

Fazendo isso, eles se tornaram altamente reverenciados
dentro de suas culturas – não somente por suas habilidades de
combate, mas também por suas filosofias marciais, que eles
utilizaram nos campos de batalha e na vida. Qualquer um pode
brigar, mas um verdadeiro lutador pode ver além do próximo
soco ou chute para o final iminente.

O Street Fighter, como o monge Shaolin ou guerreiro samurai,
não luta simplesmente pela glória do combate, mas pelo
seu auto-aperfeiçoamento e conhecimento.

Hoje em dia, entretanto, todo Street Fighter tem sua própria
razão para escolher o Street Fighting como seu modo de viver.
Alguns Street Fighters tem modelos exemplares – senseis, sifus, técnicos, ou outros mentores – que os inspiram para
seguir o caminho de um lutador honrado. Lutadores honrados
são aqueles que lutam de modo limpo e justo. Embora o conhecimento
do uso de armas seja comum, lutadores honrados
evitam usá-las; os corpos dos Street Fighters são as melhores
armas; enquanto que estas armas são usadas como muletas
por lutadores baixos.

Um lutador honrado tem uma razão para cada luta que entra.
Não há razão para conflitos sem sentido: lutar sem razão
é o domínio dos loucos e valentões. Um bom lutador deve resistir
à tentação de fazer de cada conflito uma batalha. Isto é
como os lutadores honrados percebem a si mesmo no mundo
que fazem parte, assimilando toda situação como um conflito
em potencial enquanto raramente tornam todo conflito em
uma luta: a sabedoria de saber quando lutar é tão importante
quanto saber quando cair fora.

Um lutador cujo espírito é frágil possui uma força física frágil
como a casca de um ovo. Enquanto há grande prazer em participar
da tradição do combate e saborear a glória da vitória,
ele pode ser drenado em um espírito de luta se elas se tornarem
rotineiras, previsíveis ou sem sentido. Na vida, assim
como no Street Fighting, um lutador deve saber quando confrontar e quando recuar. Ninguém nunca realmente sabe
como uma luta irá terminar quando ela começa – e o Street
Fighter filósofo afirma que é como a vida, a melhor forma de
lutar é deixar ela ir como deve ser, ao mesmo tempo trabalhála
para proveito próprio.

Treinamento em artes marciais prepara um lutador para
mais do que mero combate: um lutador honrado usa o treinamento
para aprimorar não somente seu corpo físico, mas
sua mente e espírito também. Um lutador aprende como
aplicar vários chutes, socos e bloqueios para uma situação
de combate, o lutador também deve mostrar perseverança e
bom julgamento. Indivíduos desonrados, na vida e no Street
Fighting, são aqueles que recorrem a táticas desonrosas como
um método de conseguir, o que prova ser uma
vitória falsa – dentro e fora do ringue – acreditando
que a vitória é mais importante do que a luta por
si mesma.

Treinamento apropriado é essencial para o Street
Fighting. Atividades de resistência, como corrida
e saltos, são importantes para aumentar o vigor;
treinamento com pesos aprimora a força; perícias
de reflexos são testadas através de exercícios de
velocidade, como uma pessoa com o mais rápido
chute ou soco é por vezes o vencedor. Na vida, somente
há uma forma de aprender a ser resistente,
a ser forte e como responder rapidamente. Mas
ultimamente o mais alto treinamento ambos nas
artes marciais e na vida é a meditação, que ajuda
a compreender a claridade mental necessária para
seguir nossos instintos.

Muitos Street Fighters tem medo na primeira
vez que dão um passo dentro do ringue e encaram
seu oponente, mas isto é natural e uma parte do
processo de crescimento. Encarar o medo é um
dos maiores desafios que qualquer lutador pode
enfrentar; aprender a tornar este medo em uma
energia positiva é a lição mais difícil que um lutador
pode dominar. Entretanto, isto é essencial
para confrontar um oponente diretamente se um
lutador quer uma chance de vitória. Como Morihei
Ueshiba diz em “A Arte da Paz”: “Quando um oponente
vem para frente, mova-se e saude-o; se ele
voltar atrás, envie-o nesta direção”.

Um Street Fighter deve sempre respeitar seu
oponente. Olhar um oponente diretamente nos olhos:
isto irá lhe dizer mais do que tentar observar
os pés ou as mãos. Tentar antecipar um oponente
com um forte bloqueio e retornar é uma excelente
maneira de despir o outro lutador. Um bom lutador
nunca subestima seu oponente ou a si mesmo. Um
bom lutador pode tentar aprender mais do que o
possível sobre um oponente, conhecer um inimigo
é tão valioso quanto conhecer a si mesmo. Street
Fighting permite aos participantes aumentar sua
confiança e habilidades e enfrentar oponentes
com várias técnicas e táticas. A “arena” é por vezes
desconhecida e inesperada, mas ser um Street
Fighter é sempre estar pronto para a batalha e requer
somente um raciocínio rápido, habilidades
físicas e muita coragem. Sempre quando a batalha
é uma das vontades, a mesma lição se aplica.

Lutar é uma disciplina que poucos dominam completamente.
Ela requer coragem, honestidade, sabedoria, perícia e força.
Vida e o Street Fighting estão envolvidas pelo simples fato
de que para vencer exige preparação. Aqueles que desafiam
a si mesmos apresentam mais desafio para os outros do que
aqueles que não aprendem e evoluem.

Cabe ao indivíduo decidir está preparado; somente quando
encontrar a luta de sua vida saberá concerteza se está pronto.

Conto originalmente apresentado em inglês no suplemento importado Contenders.